Torre Verde
Certificação em 2007
Classificação: A (desempenho ambiental 50 % superior à prática actual) Localização: Lisboa Promotor: Cooperativa Viver a Luz |
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Projecto: Tirone Nunes, SA | |
Tipo de uso: Habitacional | |
Inserção: Zona urbana | |
Área de implantação/terreno: 1 225 m² | |
Área bruta de construção: 7 200 m² (área habitacional: 27912 m²) |
Figura 1 - Pormenor do Empreendimento
A Torre Verde é um edifício de habitação com projecto bioclimático. Localiza-se no Parque das Nações, em Lisboa, próximo da Ponte Vasco da Gama. O próprio plano de pormenor (da autoria do Prof. Cabral de Mello) cria condições muito favoráveis a esta arquitectura (inexistência de sombras projectadas e orientação privilegiada para Sul). Foi concluída em 1998, tendo apartamentos,com tipologias T2 a T4. Cada apartamento tem os espaços principais orientados a Sul, acesso a dois lugares de parqueamento, no piso 0 e -1, e usufrui de uma área ajardinada (localizada no embasamento) e terraço comum (localizado no 10º piso), o que proporciona aos habitantes uma excelente possibilidade de interagirem positivamente, com vistas privilegiadas sobre o Mar da Palha e o Parque das Nações. A ideia da Torre Verde nasceu em Setembro de 1995, e constitui um projecto da responsabilidade da empresa Tirone Nunes, com o objectivo de demonstrar a nível internacional que, mesmo em contextos urbano de alta densidade, é possível alcançar elevados níveis de conforto durante todo o ano, partindo da eficiência energética e recorrendo a energias renováveis. O lote de terreno para a implementação da Torre Verde foi adquirido em Dezembro de 1995 e, em Agosto de 1996, inicia-se a sua construção, da
responsabilidade da Cooperativa Viver a Luz, constituída pelas cooperativas Chesmas e Checascais e pela Tirone Nunes. O financiamento comunitário no âmbito do
programa Thermie 96, concedido em Novembro de 1996, previa já a incorporação de tecnologias solares passivas e activas. Em 1997, a Torre Verde foi galardoada
com o prémio "Melhor Empreendimento de 1997 - Urbanismo e Ambiente", anualmente atribuído pela revista "Imobiliária". A obra é concluída em Setembro de
1998 e em Outubro de 1998 dá-se a respectiva entrega de casas aos sócios da cooperativa Viver a Luz. O projecto da Torre Verde fez uma aposta estruturante na aplicação de princípios bioclimáticos, especialmente através da aplicação de meios passivos. Com um conjunto de 41 apartamentos, a Torre Verde representou um passo importante para a valorização do conceito de racionalização do consumo de energia em edifícios. Por outro lado, a utilização cuidada de materiais, adaptados às condições de utilização a que estariam sujeitos, contribuiu simultaneamente para o bom desempenho ambiental do edifício. Avaliação pelo LiderA A avaliação do edifício Torre Verde pelo Sistema LiderA, versão piloto V1.01 foi desenvolvida no ano de 2006, tendo sido realizada pela equipa de avaliação do LiderA: Liliana Soares, Prof. Manuel Duarte Pinheiro e Filipa Fonte. A avaliação foi efectuada considerando a totalidade dos espaços exteriores e interiores, sendo que envolveu os 7 200 m² da área bruta de construção e foi efectuada para a sua fase de operação. |
Local e Integração |
Solo |
A Torre Verde insere-se no projecto de requalificação da zona ribeirinha oriental de Lisboa iniciado com a construção da feira mundial de exposições EXPO 98, o qual visava a recuperação de uma área ribeirinha previamente industrializada (empresas petrolíferas e depósitos de material militar) e largamente poluída, tanto ao nível do solo como das águas que aí acostavam. Assim, os terrenos foram libertos de todas as indústrias, as edificações existentes foram demolidas e os terrenos foram limpos e terraplanados. Neste sentido, verificou-se uma recuperação e valorização do local (C1). |
Amenidades |
Em termos da valorização de amenidades locais (C7), o empreendimento localiza-se num espaço onde existem várias amenidades e de vários tipos, nomeadamente ao nível das naturais: possui elevada área de jardins e o estuário do rio Tejo, e ao nível das humanizadas: farmácias, clínicas, escola, polícia e bancos nas proximidades do edifício. |
Figura 2 - Edifício Torre Verde e envolvente -vista geral do edifício |
Figura 3 - Vista da fachada |
Recursos |
Energia |
Devido à implementação de medidas bioclimáticas no edifício, pode de facto, verificar-se, no que se refere ao desempenho energético passivo (C10) um excelente desempenho passivo, que se traduz numa redução efectiva do consumo de electricidade total (C11), satisfazendo os critérios de conforto e qualidade de ar interior. O consumo médio de electricidade na Torre Verde ronda os 26,49 kWh/m².ano (dados do relatório de monitorização efectuado). Além da minimização dos consumos de energia eléctrica foram implementadas soluções que visam maximizar a contribuição das energias
renováveis para outros consumos (C14), no edifício, ou seja, o contributo da energia solar para AQS (Águas Quentes Sanitárias) é de cerca de 9,72 kWh/m².ano, correspondendo aproximadamente a 16,6% do total de energia consumida e 30,34% do total de outros consumos de
energia (gás e energia solar) e 60% da energia necessária para aquecimento das águas quentes sanitárias. |
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Ambiente Interior |
Qualidade Ar Interior |
Foram aplicadas algumas medidas que permitem assegurar a qualidade do ambiente interior. Assim, no que respeita à ventilação natural (C36),
pode referenciar-se a existência de uma ventilação adequada, quase exclusivamente natural e em muitos casos cruzada. Associado ao facto de não existirem
aparelhos de ar condicionado nas habitações, entre outros elementos, obtém-se a prevenção de micro contaminações (C38), especificamente a legionella, o que
contribui efectivamente para que se assegurem padrões de qualidade de ar interior. As casas de banho são interiores e são ventiladas mecanicamente e as
cozinhas têm exaustores com a potência adequada. Não existem esquentadores / caldeiras dentro dos apartamentos, dado que o sistema de aquecimento central e de
aquecimento de águas quentes é centralizado.
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Conforto Térmico |
O conforto térmico (C39) é um dos aspectos de maior destaque neste edifício, tendo-se verificado a satisfação deste critério, quer em estações de aquecimento quer de arrefecimento. Durante os primeiros 8 anos de ocupação (até à data) 20 dos 41 apartamentos não efectuaram a ligação ao sistema de aquecimento central pré-instalado nos apartamentos, e 3 desses apartamentos foram monitorizados demonstrando que as condições de conforto térmico são estáveis e dentro dos parâmetros da ASHRAE. |
Iluminação |
A luz natural (C40) é, também, largamente, aproveitada, garantindo uma adequada iluminação no interior dos apartamentos. Além dos elementos referenciados para cada critério, salienta-se a existência de alguma capacidade (positiva) de controlar estores (intensidade e sombreamento de luz), a temperatura (se aquecimento central existir e através de arrefecimento pela ventilação) e a ventilação (portas e janelas). |
Figura 3 - Vista do interior de uma sala |
Figura 5 - Vista a partir do interior |
Gestão Ambiental e Inovação |
Gestão Ambiental |
Em termos de gestão ambiental do edifício verificou-se que, relativamente à informação (C48) fornecida, existe à disposição dos moradores um manual de utilização com indicações do funcionamento de equipamentos, manutenção e sensibilização (redução e separação de resíduos, incentivo à utilização de lâmpadas de menor consumo, redutores de pressão para torneiras, etc.). Foi ainda implementado, na área da gestão ambiental (C49), um plano de monitorização para averiguar as condições interiores de Temperatura e Humidade e, ainda, para os consumos energéticos, o que permitiu de facto constatar que as condições de conforto térmico são asseguradas. O texto anterior é um excerto do livro: Pinheiro, M. D., Conselho Científico: Correia, F., Branco, F., Guedes, M., (2006, Julho). Ambiente e Construção Sustentável , Instituto do Ambiente, 240 p, Amadora, Portugal. (ISBN: 972-8577-32-x). |
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